segunda-feira, 30 de julho de 2007

Dois pesos, várias medidas

Augusto Santos Silva, Ministro dos Assuntos Parlamentares, veio atacar Marques Mendes a propósito das declarações produzidas na festa do Chão da Lagoa. E fê-lo de forma certeira, denunciando a postura errática do ainda líder do PSD sobre Alberto João Jardim, merecedor de elogios e defesa acérrima quando razões de mera política partidária o exigem (como é agora o caso) e alvo de mui conveniente ignorância, quando o senhor abusa da asneira e dos dislates contra o "contenente" e os cubanos. Já tínhamos percebido que Marques Mendes foi à Madeira em busca dos votos dos militantes locais, que lhe permitam obter a sua vitória de Pirro nas Directas de Setembro, nem que para isso tivesse que dizer apenas e tão somente o que Alberto João quer. Se a tal facto juntarmos o grave desrespeito que o Governo Regional vem evidenciando pelo Estado de Direito Democrático, ao recusar-se a aplicar a lei que liberalizou o aborto, tanto pior para a credibilidade de alguém que diz aspirar a ser Primeiro - Ministro. Hélas!!!
Agora, quando Santos Silva diz que "(...) A democracia faz-se também e sobretudo da capacidade de dizer não, na capacidade de dizer não ao autoritarismo, a qualquer espécie de tentativa de controlo político-partidário sobre a administração pública, sobre a sociedade civil, sobre a comunicação social livre ou sobre a vida de cada um de nós (...)” parece que terá sofrido de um grave lapso de memória política. De que forma qualificaria o Senhor Ministro os já tristemente célebres casos do Prof. Charrua, do afastamento do Director de um Centro de Saúde no Minho, a nova legislação sobre a comunicação social e a mais recente vergonha das criancinhas figurantes, pagas pelo erário público para a encenação da Companhia de Teatro Político do Sr. Sócrates? Serão uma tentativa de controlo político partidário sobre a administração pública? Parece que sim, Senhor Ministro!
Lá está, o problema é que por vezes os políticos têm dois pesos e várias medidas!

Que título é este?

Fui inspirar-me no título do romance do escritor argentino Adolfo Bioy Casares que comprei na semana passada e espero começar a ler um destes dias. Que título é este? Não é seguramente uma intenção de fuga, deserção ou sequer um projecto de alheamento da realidade ou do local onde vivemos. Será exactamente o oposto, ou seja, uma tentativa de, partindo da realidade quotidiana e de tudo o que ela nos oferece - bom ou mau - vermos um pouco além, fixando e sublinhando aquilo que mais importa reter. Depois, será necessariamente uma tentativa de deixar em letra de forma as impressões do autor sobre os acontecimentos, livros, filmes ou os factos relativos a Portimão que mereçam um comentário, um reparo ou uma simples referência.